quarta-feira, 8 de maio de 2019

Podar as ideias

 
A inclemência dos ventos a fustigar as velhas árvores. Talvez que uma poda atempada tivesse minimizado os estragos. Ou não. De qualquer forma, vou ter de cortar os ramos em secções, rachar os troncos em pedaços que vão alimentar o fogo.

Estes galhos encontraram nutrimento na terra, na água das chuvas e na energia do Sol. Deram fruto e uma pincelada de sombra no verde da paisagem. Agora vão secar e fazer parte do processo de transformar a terra seca, modelada, em objecto cerâmico.

A leveza e facilidade com que, nos dias de hoje, o conceito de reciclagem é usado para promover estratégias de consumo, aflige-me. Tento não pensar muito nisso porque me afasta do estado de espírito que procuro para criar.

A reciclagem está na génese da própria vida na Terra, e o peso deste conceito está profundamente imbuído do seu carácter efémero. A imaginação é um extraordinário veículo com a capacidade de nos libertar da poderosa força gravitacional gerada pela densidade desse conhecimento.

Mas também, sobre isto, tento não me demorar.

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