A inclemência dos ventos a fustigar as velhas árvores.
Talvez que uma poda atempada tivesse minimizado os estragos. Ou não. De
qualquer forma, vou ter de cortar os ramos em secções, rachar os troncos em
pedaços que vão alimentar o fogo.
Estes galhos encontraram nutrimento na terra, na água das
chuvas e na energia do Sol. Deram fruto e uma pincelada de sombra no verde da
paisagem. Agora vão secar e fazer parte do processo de transformar a terra
seca, modelada, em objecto cerâmico.
A leveza e facilidade com que, nos dias de hoje, o conceito
de reciclagem é usado para promover estratégias de consumo, aflige-me. Tento
não pensar muito nisso porque me afasta do estado de espírito que procuro para
criar.
A reciclagem está na génese da própria vida na Terra, e o
peso deste conceito está profundamente imbuído do seu carácter efémero. A
imaginação é um extraordinário veículo com a capacidade de nos libertar da
poderosa força gravitacional gerada pela densidade desse conhecimento.
Mas também, sobre isto, tento não me demorar.
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